A comunicação organizacional através dos tempos – Parte 4
06/07/2011 Deixe um comentário
O século XIX assistiu ao nascimento de um movimento social de extrema importância que afetaria profundamente o ambiente interno das organizações – neste primeiro momento basicamente às fábricas – e provocaria impactos marcantes na comunicação entre patrões e empregados: os sindicatos.
Fundamentado pelas idéias de Marx, Friedrich Engels escreveu entre 1844 e 1845 a obra “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, que apresentava a visão do marxismo para os sindicatos:
“(…) ao atestar que a concorrência não existe apenas entre os capitalistas, mas também entre os próprios trabalhadores, Engels afirmava que os sindicatos seriam os primeiros esforços dos trabalhadores para suprimir essa concorrência entre si e os via como um instrumento importante para conter a ânsia dos capitalistas (…).” **
Nas últimas décadas do século XIX, os sindicatos se tornaram a expressão do movimento operário. Para Marx, o papel destes agrupamentos de trabalhadores tinha mais que um viés social, e sim, o fomento educativo de um projeto de revolução social, que procurava disseminar entre os empregados a sua força enquanto componente da produção da riqueza, e assim, diminuir o poder da relação entre exploradores e explorados.
Com a Revolução Russa de 1917, o mundo passou a viver sob uma “ameaça vermelha” e encontrou na classe operária uma de suas expressões mais latentes. O universo capitalista os via como entraves para a franca industrialização, potenciais opositores aos sistemas fordista e taylorista, que se fundamentavam na produção em massa. Taylor, por exemplo, propunha um estilo de gerência científico, com procedimentos padronizados de trabalho, estudos metodológicos e a criação de especialistas em eficiência, conforme assinalou Robert Levering em sua obra “Um excelente lugar para trabalhar”. ***
Nestes ambientes havia pouca comunicação e a intromissão dos “agentes” sindicais era uma ameaça ao projeto dominante. Portanto, as organizações se viram obrigadas a lançar mão da sua própria comunicação, sob pena de “perderem a vez” no discurso e deixar a última palavra para os sindicatos.
Citamos novamente Margarida Kunsch em outra referência aos apontamentos de Gaudêncio Torquato no que se refere ao surgimento do jornalismo empresarial:
“A conscientização gradativa do operariado, com os choques entre o capital e o trabalho, fez despontar a imprensa sindical, que gerou o aparecimento da comunicação empresarial como uma forma de reagir à nova realidade.” ****
As primeiras décadas do século XX, impulsionadas por um mundo em ebulição que assistiu a duas grandes guerras, foram a base perfeita para o nascimento da comunicação empresarial, que se fazia cada vez mais necessária.
Fontes
** Almeida, Eneida. Breve História do Sindicalismo.
*** Levering, Robert. Um excelente lugar para se trabalhar: o que torna alguns empregadores tão bons (e outros tão ruins); tradução Eliana Chiocheti e Maria Luísa de Abreu Lima. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
**** Kunsch, Margarida. Relações Públicas e Modernidade: novos paradigmas na comunicação organizacional. São Paulo: Summus, 1997, p.56